Quito
Dormimos tarde e acordamos automaticamente cedo em função do fuso horário. Lá pelas tantas essas horas acabam fazendo muita falta. Somado a isso tem a questào da altitude. A cidade de Quito localiza-se 2850 metros de altitude, em um vale bem comprido com mais ou menos 2 milhões de habitantes. Divide-se em "centro velho" (que é velho mesmo) e o centro novo (moderno e comercial como toda grande cidade da América Espanhola). Estamos no Hotel São Francisco de Quito, que localiza-se na cidade velha, o qual já é uma atração. É uma construção do início do século XVIII, toda em estilo colonial espanhol, com pátio interno e chafariz de pedra e tudo... Nosso quarto é de dois andares com uma escada espiral toda em ferro fundido e madeira unindo um andar e outro. O refeitório funciona no andar inferior (como um porão) com arcos de pedra e tijolo à vista e pé direito muito baixo. Não é sofisticado, é rústico mas tudo tem historia, (que remonta a 1702, conforme a escritura do prédio) é bonito e pitoresco! Bem logo pela manhã saímos para caminhar pelas estreitas e charmosíssimas ruas. As praças ficam tomadas pela população, famílias passeiam e as igrejas lotam. Na rua nos surpreendeu a quantidade de ciclistas (de todas as idades) e quase todos de capacete . Praticam aqui o downhill, porque Quito é rodeada de montanhas. Nunca vimos tantos prédios antigo juntos, tão bem preservados, tanta história, tradição e tantas igrejas (são em torno de 40). Para quem gosta de arquitetura e antiguidade esta cidade é um prato cheio! Quito foi tombada como patrimônio histórico da humanidade em 1978 e é considerado o centro urbano latino americano que menos sofreu degradação na sua arquitetura o que lhe confere muita originalidade. É lindíssima e passear por suas vielas é uma festa para os sentidos. A população colorida , mesclam índios, espanhóis: os vendedores de rua (comem e vendem comida em qualquer lugar mesmo: portas, ônibus, rua...); os cheiros exóticos, gostam de perfumar os ambientes com incensos ou perfume mesmo; os sabores dos temperos e comidas típicas, alguns bons, outros nem tanto. Mas o que é melhor é a quantidade e a variedade de frutas exóticas para nós (taxo, guanábana, babaco, tomate de árvore.... ). Vendem-se sucos em todos lugares, e são todos muito bons e baratos. A banana existe em vários modelos (verde, amarela, largas...) e entram nos pratos salgados e sobremesas (todos bons). Sem falar na diversidade de sorvetes de frutas. Comemos sempre muito bem, mas em lugares geralmente recomendados pelo nosso Lonely Planet (ótimas sugestões), porque tem uns lugares q nem as baratas entram, de tão nojentos. Antes de pedir o prato tem-se de especificar com o garçom de como é o prato, do que é feito para não termos surpresas (como já aconteceu). O povo é dócil, os policiais urbanos gentis. Inclusive fomos caminhando (caminhamos muito) até o mercado público, o qual gostaríamos de conhecer e dois policiais nos abordaram e disseram que não era recomendado andar por lá, por perigo de assalto. Acreditamos e voltamos na mesma hora, não é bom arriscar, principalmente quando se está fora de casa.
Para se ter ideia, os espanhois chegaram aqui em 1532 e Quito foi fundada em 1534. Também neste ano iniciou-se a construção do Convento de São Francisco, um dos maiores do mundo. Dizem que quando Pizarro e o seu exército tomaram a cidade dos Incas, os índios para não entregá-la assim, atearam fogo. Observando a história do Peru e do Equador, percebe-se que foram profundamente marcados pela catequização católica, que varreu da cultura indígena muitas tradições. A história só se repete.... Voltando ao convento de São Francisco, é impressionante sua construção pela grandiosidade artística e estado de preservação. São centenas de obras de arte entre pinturas, esculturas. Tudo extremamente enfeitado e "carregado"(barroco), com muito ouro. Como era domingo assistimos a um pedaço de uma missa. O discurso é um pouco (muito) mais agressivo do que aos que estamos acostumados. O padre estava, naquele dia, falando q o maior presente q um pai pode dar para um filho é o batizado. Ainda bem q ninguém sabia q eu sou agnóstico. Vimos que a catequese continua e o povo é muito católico. Apesar do surgimento de outras "novas religiões" (q o padre condenou veementemente), a população não troca sua fé, se mantendo fiel ao catolicismo. Nos mesmos moldes seguem outras igrejas e museus... Destaque para a "Iglesia de la Compañia", a mais rica e cheia de ouro e detalhes. Depois desta "overdose"de arte sacra, decidimos que já bastava de visitá-las. Todos os prédios da cidade tem mais ou menos a mesma "faixa etária" e é muito agradável passear por ela. O que é complicado aqui são os endereços. Inicialmente eles eram iguais aos nossos com o nome da rua + o número da casa. Então alguém com o intuito de "facilitar"resolveu mudar o sistema, criando um que envolve o nome da rua, os pontos cardeais e alguns números. Não deu certo, mas foi implantado mesmo assim. Ou seja, tem dois sistemas diferentes! Nem vou explicar como é porque é bastante confuso e por conta disso caminha-se muito, às vezes procurando um lugar que está bem próximo.
Fizemos também outro passeio bacana, que todos gostaram e cansaram. Há um teleférico que sobe a 4100 metros de altura até a base do vulcão Pichincha e nos dá uma excelente vista panorâmica de toda a cidade. Alguns downhillers sobem com a bicicleta de teleférico e descem voando baixo. Aí sente-se muito a altitude e o frio. Mas vale a pena. Com mais umas duas horas se pode escalar o vulcão até o topo, mas não acho q seja possível para amadores. No outro dia, o Fred e a mãe ficaram no hotel, cuidando do "soroche" do Fred, enquanto q eu e o pai fomos até os arredores do aeroporto para alugar um carro. E a noite foi complicada, monitorando a temperatura do Fred e a minha dor de cabeça, q apareceu e não me deixou dormir. Dizem q o chá de coca ajuda contra o soroche, mas sei não. Prefiro calma e paciencia, e se a coisa apertar, um Paracetamol.
Temperatura muitíssimo agradável. Chega a fazer 8 graus e à tarde não tem passado de 20. O tempo está nublado e ás vezes abre sol, mas às vezes também dá uma chuviscada. Acho que isto também contribui para o nosso mal estar. Descobrimos que lá as estações são ao contrário daqui, como no hemisfério norte, e, devido a 8 meses de seca, cortavam a luz o tempo todo, para racionamento de água.
Fomos para a cidade nova e em uma famosa feira de artesanato, a del Mariscal, que reúne tribos de todo o país. Enfim nos despedimos de Quito com uma excelente impressão. No outro dia pela manhã a locadora do carro nos trouxe ele até aqui no hotel (não sem o típico atraso equatoriano) e iniciamos uma nova fase não tão urbana da nossa viagem. Outra coisa: este destino não parece muito comum aos brasileiros. São poucos lá. Encontramos um casal de professores universitários e um pai e filho que escalam vulcões, todos de SP. A grande maioria dos turistas são europeus e alguns poucos norte americanos. Até a próxima!
:D
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