2.5.10

Ecuador 6

Penúltimo post da série "Ecuador".

Desistimos também de ir mais ao sul. Realmente, havíamos superestimado nosso tempo e as belezas e atrações do Equador. Quase todo lugar merece um pernoite, e o trânsito e a qualidade das estradas nem deixam avançar muito mesmo. Bom, descemos a cordilheira em direção à costa do Oceano Pacífico, numa paisagem não menos bonita do que as outras, mas numa viagem simplesmente terrível, devido a um nevoeiro e às péssimas condições da estrada. Logo o frio cortante que curtimos nas últimas duas semanas foi substituído por um calor úmido que lembra o de Vênus e Lajeado, nos seus piores dias de verão. A saudade do frio bateu ligeirinho! O clima mudou, a vegetação mais ainda. São terras planas, super úmidas , onde cultivam muitas bananas, abacates, coco, café, cacau, abacaxi. Direto me lembrei da capa deste filme. Igual!! Ou seja: o verdadeiro clima equatorial que aprendemos no colégio. As cidades, os povoados mudam, parecem muito mais pobres do que os da cordilheira. Em meio dessas plantações a perder de vista, seguimos a Guayaquil, a maior cidade do Equador e o seu centro econômico, com mais de 2.200.000 habitantes. Apenas passamos por ela, mas pudemos perceber que é uma cidade muito moderna e bonita também. Todos nos alertavam para tomar cuidado, pois é muito perigosa. Possui um porto internacional de onde são exportados camarão, petróleo e a maioria dos demais produtos do país. É rodeada por muita água, de rio e oceano. Calor úmido insuportável.


Depois de umas águas, sorvetes e muitas perguntas, saímos em direção à praia. A vegetação no caminho é parecida com a das nossas praias aqui do RS, seca e arenosa. Chegamos à Salinas, uma praia frequentada pela população de Guayaquil. Muitos a comparam com “Miami Beach”, o que achamos um tantinho, uhm..., pretensioso. A praia é bonita e o mar é quente. Completamente urbanizada com prédios de luxo e muitos restaurantes na beira do mar, ferve durante o verão. Mas se resume a isto. Depois de umas três ou quatro quadras vira uma periferia qualquer, com prédios sem reboco, miséria e lixo. No Equador, em geral, há bem mais pobres do que no Brasil. Ficamos um dia descansando no Hotel del Marinero, muito confortável, bonito, ajardinado e limpo tomando chimarrão e uns tragos na beira da piscina. A noite estava a morna à beira mar e ficamos até tarde num restaurante que serviu uma paella de frutos do mar inesquecível. E, no meio da janta, aparecem no restaurante um grupo de mariachis!! Tocaram "Besame Mucho" pra gente...


Na manhã seguinte, seguimos pela costa ao norte, curiosíssimos sobre o litoral Equatoriano. Na parte em que percorremos , a geografia do litoral varia. De praias brancas e mar revoltado até baías, enseadas tranquilas, locais escarpados e, rumando mais ao norte, coqueiros e densa vegatação. Mas uma coisa não mudou o tempo todo: a cor turquesa do marzão. O deserto humano era quebrado eventualmente por povoados, alguns deles muito miseráveis. Existem também algumas poucas praias badaladas, como Montañita, que é famosa por sediar importantes campeonatos de surfe e é bem procurada pelos jovens e o pessoal mais alternativo. Há vilas de pescadores bem ajeitadinhas, como Puerto Cayo, onde, em barrraquinhas cobertas de palha e guarda-sóis coloridos simetricamente alinhados na areia, pode-se comer pratos de mariscos inacreditáveis: ostras gigantescas (umas 10x das nossas, sério), lagostins (tipo um camarão², sacam?), lagostas a menos de 20 reais, sem contar os frutos do mar e peixes completamente diferentes, bons e baratos. Mais uma vez a beleza do Equador só surpreendeu! Não é para menos que o mundo o está descobrindo!


Parávamos a toda hora para observar a natureza, os animais, conversar com pescadores e tomar água de coco. O domingo, enfim foi espetacular. À tardinha, chegamos em Manta, a capital do atum, sem grandes atrativos. Uma cidade portuária, situada a 258 km de Salinas. Ela possui quase 200.000 habitantes e é a mais importante da costa sul, depois de Guayaquil. A sua economia é pesqueira, portuária e turística. Grandes navios de cruzeiros marítmos aportam ali, para a alegria de restaurantes e comércio. Possui bons hotéis e restaurantes. Aliás em todos os lugares existem acomodações. É claro que nos maiores, mais turísticos, existem os de alto nível. Mas, mesmo os simples tem boa infra. Em todos os hotéis em que ficamos sempre tinha garagem, TV a cabo, internet wireless, café da manhã. Apenas em dois não havia Internet e um nem televisão, que também não fez falta alguma. De Manta, praticamente decidimos iniciar o nosso retorno. Mais um corte no roteiro: decidimos cortar Esmeraldas e seus manglares (os mangues mais altos do mundo), meio a contragosto. Na manhã seguinte, ao pegar o jornal, descobrimos que havia sido uma feliz decisão, pois Esmeraldas havia sido sacudida por um terremoto de 4.8 na escala R (no dia seguinte foi a vez de algumas regiões no Peru).

Ainda era 2ª Feira e tínhamos que estar em Quito somente no outro dia, no meio da tarde. Apesar da pouca distância, fizemos este trecho em duas etapas para não arriscarmos chegar na cordilheira depois da três da tarde, pela neblina que se forma, que impede de enxergar as (péssimas) condições das estradas. Dormimos em uma cidade chamada Santo Domingo de los Colorados, particularmente muito feia, ponto de passagem apenas, com população de mais ou menos 200.000 habitantes. Decidimos ficar já que o hotel era bom para descansar. Os 200 km que faltavam até Quito fizemos na manhã de terça-feira bem tranquilamente. Ainda pudemos rever esta cidade tão bonita e curtir um almoço por lá antes de iniciar a nossa maratona de volta (três aviões e um ônibus e quase 30 horas sem dormir). Em SP ficamos sabendo que na ultra rápida conexão feita em Lima, nós embarcamos e as nossas malas não. Voltamos para casa sem elas mas bem felizes por retornar. Até foi melhor, sem precisar carregar bagagem em Sampa, no táxi, no ônibus e no outro táxi e tal. No outro dia as bagagens chegaram na porta de casa, bem tranquilamente. Os caras das empresas aéreas estão super acostumados com esses extravios...

E é isso.

:D

P.S.: Aguardem o outro post...

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