15.4.10

Ecuador 5 (finalmente)

Com 14 postagens desde a última "Ecuador", cá estamos mais uma vez. Antes tarde do q nunca. E ninguém reclamou mesmo! Então foda-se (no bom sentido, claro...).

Uhm, onde estávamos? Rumamos ao sul, sempre escoltados pelos muitos vulcões e montanhas com o objetivo de chegar à cidade de Riobamba e mais especificamente ao vulcão Chimborazo (6310 metros). De última hora pegamos uma rota alternativa (God save the Lonely Planet!), que passa dentro do Parque Nacional do Vulcão Chimborazo. Foi uma viagem e tanto. Vistas e mais vistas lindíssimas, animais selvagens, muitas fotos das lhamas, vicunhas e alpacas. Aliás, a cada dia supera-se o anterior nas surpreendentes paisagens. Geralmente estes lugares são quase desertos e pouquíssimas as pessoas que encontramos. O Chimborazo é o vulcão e o ponto mais alto do Equador e não o consideram extinto, apenas adormecido. Na década de 90 uma equipe de técnicos suíços e franceses o avaliaram e descobriram que ele ainda está ligado ao magma aos 7000 metros de profundidade, então mudaram sua classificação. Também mediram a espessura da camada de neve permanente: 96 metros. Na noite anterior a que visitamos o parque, casualmente aconteceu um fenômeno inédito: uma pequena vertente de água que sai da base do gigante se rompeu e num estrondo liberou uma enorme quantidade de água, que correu montanha abaixo como um cachoeira, passando a metros da cabana dos guarda-parques!


Estávamos ansiosos pelo dia seguinte, o esperado downhill no Chimborazo! Chegamos, então a Riobamba, sede do parque e capital da província de Chimborazo; uma cidade bem bonita, com bastante influência colonial inglesa na sua arquitetura. Ela cresceu a partir do início do século XX, com a construção da estrada de ferro que ligava Guayaquil a Quito. Os engenheiros e técnicos acabaram ficando na cidade e ela também virou ponto de parada. As ruas são de uns paralelepípedos de pedras enormes colocados artisticamente em forma de espinha de peixe e nas esquinas formam bonitas formas circulares como um mosaico. É bem interessante, porque é uma cidade ao mesmo tempo moderna e antiga. percebe-se isso no comércio, por exemplo, existem muitas lojas de tecidos, todas grandes e bem movimentadas. O modo tradicional das pessoas se vestirem também denuncia a “época” da cidade, e a deixa ainda mais charmosa. Outro programa legal é ir no supermercado, aprende-se muito do país observando o que produzem e compram... Lá de Riobamba também se enxerga muito bem o Vulcão Tungurahua (aquele que sai fumaça e faz barulho lá de Baños). Bom, em Riobamba a missão era alugar as bikes para o grande dia. Fomos a uma agência bem organizada que é administrada por um pessoal simpático e competente (Probici). As bicicletas lá são ótimas. Usamos Konas, Specializeds e Treks, entre outras. Provamos os capacetes, as luvas, joelheiras e cotoveleiras, fornecidas por eles. Parecíamos uns robôs. Sem contar que teríamos nos entrochar muito, porque a 5000 m de altura o frio e o vento são para valer...


Providenciamos sanduíches, água, suco, chocolates, e pontualmente às 8 da manhã o Galo ( nosso guia) estava lá no Hotel Trem Dourado para pegar-nos. Juntou-se ao grupo, o Marco, um sociólogo Holandês que viaja sozinho pelo Equador. Além das dicas culturais e da aula sobre a cultura local, o nosso guia proporcionou a todos um dia maravilhoso. A descida do Chimborazo por trilhas em terras indígenas, atravessando riachos gelados e cristalinos foi apoteótica. O Fred até esqueceu do mal da altitude que o havia acometido novamente no dia anterior. E nós nem sentimos o frio. Lembramos muito do pessoal que curte trilhas e corridas de aventura: o Ecuador é uma loucura de lindo. No fim do dia, mesmo cansados e imundos, a sensação não podia ser melhor. Q saudades de pedalar!


No dia seguinte, deixamos Riobamba em direção a Cuenca. No meio do caminho a parada obrigatória são as Ruínas de Ingapirca, um sítio arqueológico muito bem conservado da mesma época que Machupichu. É o único em forma elíptica encontrado no império Inca. Servia para adoração e observação do rei sol, com moradias e um grande espaço ao ar livre para as celebrações. Sua construção é bem mais apurada do que a de Machupichu. Seguimos subindo e descendo sempre por estradas impressionantes. A gente se dá conta dá grandeza das montanhas e da dificuldade de se construir uma estrada assim quando se está em cima da montanha e pode-se olhar o caminho já percorrido láááá embaixo. Entre uma foto e outra, a “farofagem” dentro do auto correu solta. O tempo todo se passa comendo, principalmente quando não há onde parar.


Chegamos a Cuenca, a Pérola do Equador, lá pelas 4 horas da tarde. Procuramos hotel, nos instalamos e saímos a passear pela cidade e conhecer um pouco o produto que mais a torna famosa: o chapéu Panamá. Como o nosso tempo aqui vai ser curto (devido a cortes no roteiro como já comentei antes), tratamos de ir no mesmo dia a um museu do chapéu e à uma fábrica, creio a mais famosa (Homero Ortega), que aparece nas cabeça de celebridades e artistas. O chapéu Panamá é feito a partir da trama de uma fibra vegetal chamada palha Toquilla. Depois de todo um processo de fervura e secagem, ele é tecido por habilidosas mãos de campesinos. Os mais caros, finos e delicados têm a textura de um tecido e podem levar até 10 meses para serem produzidos. São tramados à noite, quando os dedos estão mais aquecidos e consequentemente ágeis. Depois, na fábrica, são moldados em máquinas com vapor e acabados em elegantes detalhes... Os femininos são enfeitados com flores, fitas e cores. São exportados para todo o mundo. No Brasil uma empresa os importava para proteger a cabeça dos funcionários (em Minas, acho...). O processo de produção é muito interessante e os preços variam de 10 a 600 dólares. À noite, passeamos, jantamos e lamentamos não poder ficar mais nesta cidade que não merece ser vista tão rapidamente, mas sim com pelo menos uns três dias a mais na agenda. Havíam nos falado que Cuenca valia muito a pena, e realmente, é uma cidade lindíssima, ajardinada, limpa, cosmopolita e banhada por quatro rios bem limpinhos. Merece uma segunda visita, um dia desses...

:D

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